Um amigo. Dois. Muitos. É difícil. Falar sobre amizade mexe com sentimentos profundos. Coisas de fazer chorar. Lembranças. Coisas de fazer pensar. No profundo das coisas. Das ações que nos fazem. Somos o que fazemos. E nunca merecemos todos os amigos que temos. É muito. Para um corpo só. Para um coração só.
Os
amigos são os sorrisos. Confortadores. Debochados. Irônicos. Sorrisos-potência
que energizam nossa carne, nosso organismo. Sorrisos que têm o poder de fazer
brilhar nossos olhos. De chorar e rir. Os olhos nossos.
Encontra-los
não é tarefa fácil. Porque eles não são de esse encontrar. Não estão
escondidos, prontos para serem percebidos. Eles são de outra natureza. Amigos nascem.
Pelo olho. Pela voz. Pelo prazer de estar junto. E isso não depende de tempo e
espaço. Depende de alguma coisa muito anterior. Como se no início de tudo um
corpo fosse explodido. Galáxia em expansão. E quando cada pedaço desse antigo
corpo se aproxima se sente na própria carne. Eis a amizade.
Estes
dias fui pego por uma destas coisas de amigos. De amizades. Confesso que sou
emotivo e chorão... no escuro dos meus livros e de minhas letras. Na rua minha
cara é firme. Turrão. Cheio de manias, às vezes até meio grosseiro. “Quase um
ogro” como alguns amigos brincam.
Me
levaram de surpresa. Todos eles. Para uma viagem. De carinho e emoção. Minha imagem
com eles. Minha lembrança com eles. E isso é muito grande. É muito importante
para energizar qualquer coração. Potencializar a alma da gente.
Mesmo
não estando. Lá estava eu. Com todos eles. Ronísio. Era eu. Mas não era. Com eles,
junto com os meus amigos estava o que em mim era bom. Pois sabemos que os
amigos servem para isso. Para fazerem brotar de nós tudo o que é bom. É por
isso que precisamos deles. Para sermos melhor. Para vivermos melhor. O amigo é
como energia. Como o alimento. Nos faz viver de forma diferente e nos
transforma. E nos comove. Muito.
Ser
lembrado pelos amigos assume uma importância vital para estas relações sociais.
Sentimos como se fôssemos além do que somos. Melhores do que somos. Acreditamos
muito mais em nós mesmos. E inclusive esquecemos, um pouco, o quanto somos humanos,
frágeis, mesquinhos, maus, egocêntricos e tudo o que também habita o corpo de
um ser humano.
Ter
amigos é apaziguar estes outros demônios que nos habitam e sorrir para a vida.
Ver o nome da gente em um guardanapo de papel em uma pizza nos comove até as
lágrimas. Mesmo que elas não saiam. A gente tenta sempre segurar. Ser forte. E até
nisso os amigos nos ajudam. Nos ensinam que ser forte também é chorar.
E
confesso a todos vocês que derramei algumas. Lágrimas escondidas. Tenho que
manter a minha “fama de mau”.
Queria
dizer muitas outras coisas. Mas talvez o
silêncio seja muito mais efetivo do que minhas palavras.
Aos
amigos meu carinho. Aos amigos minha gratidão. E meu sorriso torto e
engraçado...