Escrever?

"Escreve-se sempre para dar a vida, para liberar a vida aí onde ela está aprisionada, para traçar linhas de fuga" (Gilles Deleuze)

sábado, 31 de agosto de 2013

A Literatura e a vida

"Escrever não é certamente impor uma forma (de expressão) a uma matéria vivida. A literatura está antes do lado do informe, ou do inacabamento, como Gombrowicz o disse e fez. Escrever é uma caso de devir, sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida. É um processo, ou seja, uma passagem de Vida que atravessa o vivível e o vivido. A escrita é inseparável do devir: ao escrever, estamos num devir-mulher, num devir-animal ou vegetal, num devir-molécula, até num devir-imperceptível. Esses devires encadeiam-se uns aos outros segundo uma linhagem particular, como num romance de Le Clézio, ou então coexistem em todos os níveis, segundo portas, limiares e zonas que compõem o universo inteiro, como na pujante obra de Lovecraft."
DELEUZE, Gilles. Crítica e Clínica. São Paulo. Ed.34. 1997. p.11

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Eu não concebo nenhuma obra separada da vida. Antonin Artaud



"Lá onde outros propõem suas obras, eu não pretendo fazer outra coisa senão mostrar meu espírito.
Avida é de queimar as questões.
Eu não concebo nenhuma obra separada da vida.
Eu não gosto da criação separada. Eu não concebo tampouco o epírito como separado de si próprio. cada uma de minhas obras, cada um dos planos de mim mesmo, cada uma das florações glaciais de minha alma interior baba sobre mim."

O Umbigo dos Limbos - Linguagem e vida. Antonin Artaud. p.207

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A propósito - de Cézar Miranda do livro Wunderblogs.com

" Nada do que eu falo aqui é brincadeira. Sou um humorista muito sério. Não tenho culpa se a realidade é engraçada. Aliás, uma das poucas atividades que resta a quem não consegue mentir é o humorismo. Diga a verdade para as pessoas e elas rolarão e tanto rir. A mentira é que é séria. - (07\10\2003 08h13)"

Julia Kristeva - Os samurais


"O desgaste excessivo dos adultos, para quem o erotismo não é nem um bem nem um mal, apenas um entendimento sem ideias, uma composição de ritmos. Só que mesmo os mais adultos permanecem um pouco infantis. Felizmente - sem isso ninguém se sentiria perturbado." Julia Kristeva p.107)

Só Dez Por Cento é Mentira (Manoel de Barros) - 2008



Conversa no ônibus






Um sorriso era a tentativa de não ser rude. Artimanha para ludibriar a situação. Como se esta fosse suscetível a qualquer artimanha. Fato. Ato. É isso que é. Tempo também. Pois que se esvai, desgasta e acaba. Morre. Não o sorriso. As poucas palavras que não dizem. Pretendem o silêncio, mas que não são entendidas. Confundidas com acenos e afagos a outras tantas palavras que deságuam, derramam... e inundam.
O ambiente é o ônibus. E sacode como todo ônibus. E isso é bom. Deslocamento do corpo, dos órgãos, das palavras, das idéias. E os rostos e os corpos todos. E os silêncios que se fazem das bocas e as bocas que murmuram seus silêncios indiscretos.
O pensamento é o maior passageiro de qualquer ônibus. Sobre os corpos. Através dos corpos. Palavras em idéias e textos que se enroscam silenciosamente nas carnes. As vezes sufocam. É por isso que o ônibus sacoleja. Salta. Atira os corpos para cima e para os lados. E quando fica vazio. Sobra nele ainda vestígios perdidos de pensamentos. Pedaços de todos.
Mas a conversa é diferente. A conversa é uma força. Um poder que se sobressai, que é infringido sem dó aos passageiros que não gostam da conversa. Falar.
Existem aqueles que preferem ouvir. Em silêncio constituem textos enormes. Colcha de retalhos de todos os outros textos. Ouvir. Se deixar atravessar pelos discursos alheios. Ser um espaço liso por onde a fala desliza e flui. Mas conversar é ser estrato.  É ser coisa. Coisa que obstrui, retém e devolve. Devolve energia, impulso, força e no caso fala. E falar sem pretender falar é agressão. É violência. Contra quem não quer falar e contra o interlocutor.
Falar é jogar palavras, oferecer palavras sem cuidado, sem tato e  sem paixão. Falar. Proferir palavras. Conversar. Costurar assuntos, pontuar idéias. Curiosidades resolvidas. Banalidades construídas.
Ritual. Todo ritual é sagrado. Mesmo que não façamos nossa essa crença. Respeito. Tradição. Navegar no mesmo rio, cordialidade. Simpatia. Eis o sorriso. O consentimento da cabeça. “Sim..., claro... é...” confirmações, consentimentos. A conversa ali e o pensamento lá. Este analisando de forma acadêmica e técnica a conversa. Pensamento que destrincha desconstói e acaba silenciosamente a conversa. E há o hálito. Álcool. E há a vida e as dores e os parentes, e as dívidas... E há o mundo.
Mas você não quer o mundo. Você quer o silêncio e a criação de um outro mundo. Não este que corre fora do ônibus ou este que é expelido pela boca do interlocutor. Não. Este mundo é o seu mundo. É a sua terra. Seu buraco. Seu túmulo. Este discurso é a tua redução, teu resumo. Limitação e constatação.
É então que ela pergunta sobre o livro que tentavas ler. Carrol. Você diz. Alice. País das maravilhas. Ela fica te observando e se cala.
Você acha que está tudo resolvido... mas ela volta: “Essa cartola está fora de moda.”
_______________________________
Ronie Von Rosa Martins


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A VELHA

Adicionar legenda
Todo cão é um bicho. O homem. Bicho também. Pensou a velha. Sentada na cadeira. Rosto na janela. Moldura antiga. Vetusta imagem do tempo gravada. Nas rugas que percorriam todas as carnes que compunham o rosto da velha.  A televisão era a janela. Sempre a janela. E o fora do mundo. O seu.

A rua e sua oferta. Pobre a rua. Mas proposta. Que recusara há muito. A janela bastava. E os olhos iam longe. O que não viam criavam. Poderosos olhos de inventar verdades. Que seriam ou não.  Virtualidade latente. A semente e a árvore. A árvore em estado de vontade de ser.
Velha. Lhe chamavam carinhosamente. E sorria sempre. Dentes desgastados mas ainda presentes em sorriso espirituoso e distante. Os parentes eram memória. O marido ausência. A morte era uma coisa interessante. Pensava. No início magoava, doía. Depois afagava, acarinhava... não sabia se queria. Estava em dúvida.
Decisão difícil. Viajar para o distante... sorriu. A janela como moldura. Da rua os olhos outros sempre viam o mesmo quadro. Até a noite. No escuro. Não saia da janela. O sono não existia, parecia morte, e ela não tinha decidido.
E era com ela. Ninguém interferiria. Ela tinha o poder. Na aparente fragilidade,  uma força latente pulsava, e era nos olhos grandes e claros que se mostrava. Olhos de ver tudo. Olhos de devorar tudo. Nem a noite escondia dela seus segredos. E da janela ela via. Sem medo. Via as angústias de todos, os medos. Via os fantasmas e segredos que escapavam dos sonhos e dos tormentos noturnos. Também as fantasias e os terrores, desejos... e nem ruborizava, acostumada com as coisas humanas dos homens.

Criaturas estranhas.
__________________________________________________________
Ronie Von Martins

Foucault, Deleuze e Derrida Frente à Crise - Scarlett Marton



Hoje nós nos sentimos indivíduos adestrados? Temos a impressão de ser estritamente vigiados? Ou estamos em permanente exposição? Em que medida vivemos numa sociedade disciplinar? Ou numa sociedade de controle? Ou ainda numa sociedade sobretudo mediática?

Nos anos de 1970, caminhando em direções bem diferentes, Foucault, Deleuze e Derrida desenvolveram uma reflexão crítica de rara acuidade, criando conceitos de grande alcance. Em que medida o chamado "pensamento rebelde" ainda mantém a sua força explicativa? Em que medida ele vem auxiliar a compreender melhor nossa sociedade? Em que medida pode contribuir para refletir sobre os problemas do nosso tempo?

Texto retirado do youtube

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

VIDAS SECAS (Graciliano Ramos - 1942) 1/4



Obra, VIDAS SECAS, de Graciliano Ramos, escrita em 1938 e adaptada para o cinema em 1942. Uma produção de Luiz Carlos Barreto; Herbert Richers e Danilo Trelles. Direção: Nelson Pereira dos Santos.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

AHAB: Acuado

AHAB: Acuado: Estaria cansado? Sim,claro. Um estado de lassidão. Imensidão de nada. Caminhar no deserto? Sem água? Quase. Quase o deserto. Talvez ...

terça-feira, 6 de agosto de 2013

EGOÍSTA




Hoje serei egoísta...
É... egoísta.
Coisa que procuro não ser, viu? 
Pensando bem, às vezes parece até fazer falta ser assim.
Uns dizem que é um defeito meu; chamam-no de falta de ambição...
Que seja. Falta ou defeito, são meus, ok?
Só que eu mal comecei a escrever e já me perdi. Retorno então:
Hoje escreverei sobre mim...
Opa! Mim não é sujeito!
Escreverei sobre eu então.
Nossa! Ficou até pior escrito assim... Sobre eu...
Mim, eu, tanto faz...
O importante é que EU vou escrever sobre MIM de qualquer jeito.
Mas na real, é porque estou de aniversário... Leonino, sabe como é, né?
Nada. Eu sei... Não quer dizer nada...
Continuando então:
Já viu como existe um ditado. Um dito popular sobre quase tudo que existe?
Neste meu 45º aniversário “não sei se estou completando um ano a mais ou um ano a menos”.
Se é que dá para completar alguma coisa a menos...
Diz também o tal do ditado, que “A vida começa aos 40”
Completo 45. Tô morrendo já. Tá terminando. O texto também, fique tranquilo...
Fiz uns cálculos matemáticos aqui com meus borbotões (vide Wikipédia)...
Tenho mais de 16 mil e 400 dias de vida terrena!
Mais de 394 mil horas de existência!
Se é que somei esda merta direito, é claro.
Convenhamos, dentre esses números, inúmeros deles eu perdi dormindo.
Tipo o ditado do cavalo de Emiliano Zapata, que diz que:
“Passa somente uma única vez à nossa frente”. No hay outra chance.
Vários cavalos desses passaram à minha frente. Não um só.
Alguns eu consegui montar. Muitos mais deixei escapar. Talvez não fossem meus.
E sempre procurei não ser egoísta. A maioria deixei passar por que não consegui pegar.
Diz o ditado: (sempre ele) Que “O que se leva dessa vida é a vida que se leva”.
Entonces, daqui há pouco fará meio milhão de horas que levo minha vida por aí...
Quantas das tantas centenas de milhares de horas de minha vida terei errado?
Quantas chances mais terei para errar novamente?
Quanto tempo desse tempo todo, terei perdido?
Quantos amigos terei feito?
Quanta coisa perdi...
Quanta coisa ganhei...
Quantas lembranças carregarei comigo?
Chega! Não quero mais pensar sobre isso caracas.
Finalizando, pois, usurpo mais um dito: “A vida é simples, a gente é que empipoca ela”.
Mesmo minha vida não sendo nada simples, tenho que admitir: Eu empipoquei ela várias vezes.
E se, no final, tenho o que comemorar?
Claro que tenho! 
Meus filhos; família; amigos; emprego; saúde, etc...
Na real? Só tenho o que comemorar.
Sabe o que mais?
Tenho orgulho da pessoa que me tornei!
Não é o que mais se quer?
E o mérito todo de quem é?
Hein?
De quem? De quem?
Bom, quanto ao mérito... 
Esse é todo da minha mãe.
Sim. Da minha querida e imortal mãe.
Sabe por quê?
"Por que Fruto bom não cai longe do pé”.


Por Alvaro Lucas

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

VIAJEI...

        

Viajei por   entre corpos, rostos, sentimentos, risos, lágrimas e dor, e sem perceber fui me perdendo como que em um enorme e escuro labirinto.
Como de repente, do nada, lá estava eu. Sufocada, apavorada, sem ter forças e nem certeza se queria retornar. Afinal, não vamos a lugar nenhum!?. Ou vamos!?
O pânico se instala como um grande fantasma de vestes negras e fita-me longamente, como se me dissesse: - Vais ou ficas? E mesmo que no ultimo fôlego, no último resquício de forças, arrasto-me, busco-me e encaminho-me para fora, para a saída deste desesperador labirinto. Turbilhão de pensamentos, mágoas, angustias e dor. Preciso saber que lá fora a luz me aguarda, a vida me espera, que há mais, ainda há o que ser vivido.
E o tempo!? Não há de ser contado. Apenas passado, presente, o agora. Amanhã? Quem sabe?
Equilíbrio, equilíbrio é o que busco incansavelmente  nesta viagem.
 Os caminhos são muitos e são árduos, os caminhantes, assim como eu, também são muitos.
Quero tão pouco e é o tudo, o muito, busco a paz.
Estou voltando... Agarro-me às mãos que me amparam, abraço-me aqueles que me tem saudades, aqueles para quem faço falta.
Estou voltando, preciso correr para não sucumbir à inércia, ao desanimo.
E como em um parto sofrido, explodo novamente para a vida.
Viajei, mas estou voltando.


 .
                                                                                                   MRubiaMartins

Velhos na esquina



Ser velho era uma coisa interessante... Pensava. Buscava formas de justificar, amenizar certas contrariedades, certos... ou incertos pensamentos?
Ser velho era uma merda. Ponto final. Levantou da cama seus oitenta anos. Sim. Ainda conseguia fazer isso. Era “danado” como dizia a neta. “ O vô é danado de forte.” Mas não era. Forte. Não era forte. Era insistente. Insistia com a vida. Só pra contrariar a morte. As duas amantes ciumentas.
Gostava de deixar a outra enlouquecida. Enciumada. Sorria com as dores e tosses e rugas que indefiniam seu corpo. Corpo insistente.
Levantava e ainda de pijamas abria uma janela. Para um grande muro. Alto. Tijolo a vista. E dizia a frase: “Mas que merda!” e sorria satisfeito com a afronta. Fechava a janela e vestia-se. Gemidos e palavrões revestiam todo o ato de se recompor socialmente. Vestimenta e máscara. Xingava, ofendia, as vezes até alguns gazes de odor duvidoso eram percebidos no quarto. Depois saia para o resto da casa. Sorriso enrugado no rosto.   Costas arqueadas para o café. Preto e quente. “- Vai fazer mal pai...” e ele colocava outra colher de café, mais forte, mais amargo, mais letal. E sorria. Sorriso de afronta aos cuidados todos.
A mulher do filho nem levantava o rosto. Contrariada. O corpo velho sentado à mesa não pertencia a família dela. Não queria, não precisava de tudo aquilo. Ele ouvia ela reclamar para o filho. Achava que a mulher tinha razão. Se fosse com ele... pensava. Mas fazer o quê? E então peidava estridente. O olho brilhante na direção da mulher que se levantava brandindo raiva e indignação e se afastava da mesa. O filho. Um olhar repreendedor. “- Escapou... sabe como é... oitenta...” e a neta repetia a frase. “- O vô é danado...” olhos sorrindo.
Depois era a rua e o sol. Quando era jovem não dava importância para o sol. Não como dava agora.  Sentava em silêncio em um banco e deixava o sol carregar as velhas baterias do corpo. “Sai do sol... pai...”  tinha vontade de levantar a mão e mostrar o dedo ossudo e ameaçador ao filho, mas agora os papéis estavam invertidos. Isso ele também nunca imaginou. Agora era a criança. Às vezes até fraldas tinha que usar. Então levantava e saia. A manhã era longa e ele buscaria abrigo nas vetustas palavras da velharia que ainda resistia.
Havia um itinerário pré-definido até chegar ao ponto final, onde ele encontrava mais cinco anciões. E sentados na esquina da quitanda do Seu Renegado, acabaram estimulando a imaginação e criatividade da população que carinhosamente denominava a esquina de “A esquina do pinto morto.” É claro que ninguém dizia nada para os nobres velhinhos, mas todos já se referiam ao lugar pelo apelido. “- Você sabia que o carro do seu Germano bateu na bicicleta do Seu Etário bem na esquina do Pinto Morto?” “ Na madruga a policia teve que separar uma briga de borrachos bem ali na esquina do Pinto Morto”.
Algumas crianças tentavam descobrir o motivo do apelido dado ao lugar; atropelamento de pintinhos, ovos estragados, essas coisas. Os pais sorriam e “enrolavam” as crianças que logo iam encher o saco dos velhotes.
O mais velho era o mais chato e bêbado. Dizia que já tinha morrido e tinham esquecido dele, então ... pro diabo! Emborcava um copo de cachaça azulada e ardente. E fazia uma careta horrível. O silencio dos dentes que faltavam eram compensados com a língua ferina dos olhos amendoados e libidinosos.
Um deles só dormia. Fechava os olhos e roncava. Algumas vezes recebia um tapa na perna e acordava sobressaltado mandando todos à merda. Riam com dentes gastos e risadas que atravessavam as gerações. Eram crianças. Guris. Jovens. Com todas as dores, todas as rugas e todas as “molezas” do corpo. Gargalhavam alto e se engasgavam... e continuavam rindo. Em uma dessas risadas o mais velho e mais bêbado foi encontrado - finalmente-  e levado. A esquina foi abandonada e ninguém mais viu todos eles juntos. Separados agora. Tinham decidido. Já não era a mesma coisa.
Certa vez encontrou o que dormia. No hospital. Deitado em uma maca, olhos arregalados e assustados. Acordado. Muito acordado. Medo de dormir e nunca mais... Apertou a mão do amigo. Um sorriso. E foi embora. Decidiu que quando a coisa chegasse não ficaria com aqueles olhos arregalados. Que fosse pra puta que pariu. Se quisesse dormir dormiria, pegaria ele dormindo, sem esforço, mas sem graça também. Ela gostava de luta, de desespero. Seria frustrante pra Ela. Não alimentaria aquela puta com seu medo.
Decidido. Acertado. As costas doíam. Parou um pouco e ponderou: Porque não estava chorando pelo amigo? Lágrimas? Sorriu todas as rugas. Seco. Não havia água em seu deserto particular. Decidiu isso também. Essas coisas... essas frescuras... Seguiu caminhando. Mais um peido. Fedido. Em homenagem aos amigos.
Em uma dessas caminhadas perdeu-se. A cidade de repente pareceu mudar, as ruas mudaram o rumo, direção... As pessoas já não eram conhecidas, nem casas nem nada. E o filho o encontrou e o colocou no quarto. Televisão e cama limpa. Um despertador e um chinelo felpudo.
Deitou na cama. Sorriu. Quando Ela apareceu deu mais um peido. Peido de desobediência e insubordinação. Sorriu. Antes de ir teve a feliz sensação de uma ereção.


A insustentável leveza do ser

"
E mais uma coisa: havia um livro aberto sobre a mesa. Nesse café ninguém jamais abrira um livro sobre a mesa. Para Tereza, o livro era o sinal de reconhecimento de uma fraternidade secreta. Contra o mundo de grosseria que a cercava, não tinha efetivamente senão uma arma: os livros que pedia emprestados na biblioteca municipal; sobretudo os romances: lia-os em quantidade, de Fielding a Thomas Mann. Eles não só lhe ofereciam a possibilidade de uma evasão imaginária, arrancando-a de uma vida que não lhe trazia nenhuma satisfação, mas tinham também para ela um significado como objetos: gostava de passear na rua com um livro debaixo do braço. Eram para ela aquilo que uma elegante bengala era para um dândi do século passado. Eles a distinguiam dos outros." (A insustentável leveza do ser - Milan Kundera)

Los espigadores y la espigadora

domingo, 4 de agosto de 2013

Pina (2011) - Official Trailer [HD]

Pensar em você - de Bruno Silva

Eu já não consigo mais controlar minha mente, por mais que me esforce é inevitável não pensar em você durante o dia, esses pensamentos trazem com eles, a saudade, a angustia, a tristeza e a ansiedade... Pelo fato de saber que tudo poderia ter tomado outro rumo, se algumas palavras não tivessem sido ditas em momentos errados, se algumas atitudes não tivessem sido tomadas de cabeça quente e outras sem pensar. Parece que nada pode  piorar mais do que já está, Mas para me torturar, mais ainda, a noite vem caindo e trazendo junto a ela a escuridão, me proporcionando as melhores lembranças nas quais vimemos juntos e automaticamente dos olhos caem lágrimas escorrendo pelo curso de meu rosto, até serem paradas em meu travesseiro. Estes sentimentos todos causam dores insuportáveis em minha alma me deixando, cada dia que passa mais desesperado. Já estou em meu limite sem forças para continuar minha jornada. Só tem um jeito de eu sair desse abismo. Este jeito é cruzar com você novamente nas estradas de nossos destinos!

Bruno Silva é estudante.

______________________________________
o autor diz que este texto já tem alguns anos.

Fotografo bem o CÉU



Diante desse cenário deslumbrante
Torno-me bucólica e pagã inocente
Sinto-me fluídica e evaporo o cheiro das plantas.

É como traduzir uma língua antiga e indecifrável
E nunca saber se a compreensão é real ou fictícia.

Um sonho velado por entre essas montanhas ao leste
Por onde o sol se levanta para brincar
Escondendo-se por entre suas delicadezas.

Mas não desperto dessa dúvida
Entre estar aqui
E ser aquela que continua sonhando com a vida...
Mas continuo vendo toda essa beleza da minha janela.

Elizabeth de Souza

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Henri Pichette - poema sobre Artaud

Escrito e recitado por Henri Pichette em homenagem ao poema de Antonin Artaud. Esta gravação foi retirada do documentário:La véritable histoire d'Artaud le Momo (1994) dirigido por Jerome Prieur e Gerard Mordillat. O poema é da coleção de Henri Pichette "Poemas oferecidos".Para mais informações sobre o documentário:  
link: http://www.artepro.com/fr/CtrlCatanet?idProg=8904&pageTo=PRESENTATION 


Bob Dylan - If You Gotta Go, Go Now

Lou Reed - Dirty Boulevard