Escrever?

"Escreve-se sempre para dar a vida, para liberar a vida aí onde ela está aprisionada, para traçar linhas de fuga" (Gilles Deleuze)

sábado, 28 de setembro de 2013

Pensamentos - Daniel Barros

Rio Piratini

Na margem esquerda deste rio, existe uma praia de areias brancas,
No horizonte avermelhado, enxergo nuvens cinzentas.
Os pássaros são motivos de sonhos, pois seu voo é solitário e liberto.
Acontece comigo um raro acontecimento,
O encontro deste simples humano, com o maravilhoso verde do mato.
A natureza é festa, porque finalmente encontrei tempo para este encontro.
Na realidade uma volta a mim mesmo.
Analiso este rio, incorporo-me na paisagem, sinto-me totalmente realizado,
Pois o meu convívio com a natureza é em fraternidade.

Encanta-me esse paraíso. No meio de uma cidade sobrevive um  rio, o qual é usado com integridade.



O desassossego das águas

Um brinde ao remanso calmo das águas deste rio, às vezes amigo, outros cruéis e sem pena.
Quem te vê nessa calmaria, nunca poderá imaginar que às vezes te levanta com selvageria, para aplacar a tua ira.
Procuras vingança pelo mal que te fizeram, mas é pena que em tua loucura atinjas a todos sem querer.
Esta é a lei do mundo, os inocentes pagarem pelos criminosos
Que exploram tuas margens com desatino, derrubando matas, desestruturando o solo.
Abrindo espaços brancos para expansão de tuas águas, invadindo de novo, os campos, cidades e vilas.


Devaneios

Do rugido do cão, das fezes do cidadão,
Do descaso da cidade com a natureza em tenra idade.
Nasceu a poluição, o caos, o fim e a imensidão do negrume, do cheiro de enxofre dos gritos do sofrer, do gemer.
O mundo definhou, o verde acabou e enxergamos  somente a cinza das fábricas  dos capitalistas.
Meu mundo era aceitável, passou a ser explorado, maltratado desmantelado.
O fim é irônico, início de uma nova era, se vai o selvagem, primitivo, e na cidade o bundão vigora.
O homem destrói a vida da mesma maneira que se destrói,
Bebendo, consumindo drogas, acaba se destruindo pelo consumismo total.

Um pileque de vida

Estou passado no tempo, não vivo vegeto.
Encontro-me cansado da noite, do trago, as festas perderam seu sabor, pode até ser minha idade ou meu cansaço mental,
Mas o que acontece na realidade é que eu perdi o meu astral.
Sinceramente invejo aqueles que mesmo velhos e resignados passam por jovens livres de qualquer compromisso.
Somente querem saber de festa, trago escárnio e rebuliço.
Vendem sua alma pela promessa de não perderem um gole da taça da vida.
E com isso sonham acordados que puderam passar a perna no tempo.
Se parassem um pouco para pensar veriam em meus olhos o vazio que habita em seu interior agora.
Já não sabem mais parar, dar um tempo para encontrar seus pensamentos, apenas vigora a lei dos alcoólatras, porque beberam o vinho da vida se viciaram e não conseguem mais serem apenas humanos e realistas e aprenderem que a vida quando ingerida de uma só vez é intragável de mais.



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Homenagem a "minha escola" e a pessoas admiráveis, nesta minha caminhada...



MINHA ESCOLA

"Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.

Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”

Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para mudar o final!

(texto de "Elisa Lucinda" , lido por Ana Carolina em seu show)    

Faço minhas As palavras de Ana Carolina neste desabafo! Pode parecer inocente. "Bestial”, mas se não for por esperança o que será? Há de ter uma luz no final do túnel que não seja um trem...(risadas) Neste momento penso sobre a "EDUCAÇÃO" e então revivo momentos importantes de minha vida profissional. Momentos inesquecíveis...
Resolvi então falar sobre "MINHA ESCOLA".
É... Assim carinhosamente chamada por mim e por aqueles que muito a consideram.
Hoje ela está aniversariando. "CONTANDO TEMPO". Muitos anos se passaram e destes muitos anos, 21 deles mais ou menos eu vivi ai... Todos os dias. Dias de muita batalha, mas de muita esperança.
Nesta Escola com certeza eu muito mais aprendi do que ensinei. Tornei-me uma pessoa diferente... Não sei se uma pessoa melhor ou pior. Que julguem os outros... (risadas) Mas de uma coisa tenho certeza: É que conquistei - e é o que me dá certeza de que valeu e que vale a pena - a amizade de meus ex-alunos. Amizades para sempre. Carinho que ainda hoje vejo refletir nos olhos de cada um quando nos encontramos. É... Eu ainda falo de olhos... (risadas) de amor, de carinho... Resolvi que vou morrer assim... Acreditando... Tenho esperança e sobretudo muita fé!...
Obrigada a todos os meus alunos queridos. Guardo-os cada um do seu jeito em meu coração... Esta Escola é... Foi e será sempre a nossa escola. E é só por vocês que eu ainda estou aqui falando e tendo fé nesta arte chamada “Educação”. Parabéns!!
E sem ser "Demagoga" amo todos vocês!!! Vocês são a "ESCOLA MUNICIPAL GETÚLIO VARGAS". Vocês são a "Esperança"... E minha esperança é imortal, minha fé inabalável.
É dia de festa e eu gostaria de agradecer e fazer um registro sobre a importância de algumas pessoas - e através destas figuras agradecer todas as coisa boas que vivi nesta escola. - Um anjo bom que até hoje me acompanha é o "Arobaldo " com seu sorriso infantil.. Inocente. Olhos brilhantes de tanta pureza e amor. É... "Olhos são muito importantes...” Sua voz doce que me chamava de "Rubis"... Um mestre! Um amigo que jamais vou esquecer... AMIGO DE VERDADE!
O meu aluno Roger... quero nele, lembrar todos os outros e vou falar de " olhos"...(novamente)...aqueles olhinhos inquietos, humildes e cheios de indagações... Sempre tinha uma pergunta inteligente, sempre queria saber mais...
Obrigada Roger e Arobaldo por terem existido em minha vida... Obrigada pai do céu por me oportunizar a companhia destas pessoas tão especiais. Acredito que se comemoramos o aniversário da Escola municipal Getúlio Vargas, estas são pessoas que deveriam ser lembradas. Gostaria também de agradecer e lembrar a Professora Maria Brandina que - na minha opinião - foi uma guerreira, alguém que sempre pensou no crescimento e no bem estar de "Nossa escola e de nossos alunos". A professora Arlete Xavier, colega dedicada, professora exemplar, alguém que sempre buscou a justiça e a igualdade. Que Deus nos ilumine e proteja..."EDUCAR É UM DOM"...aprender...um processo contínuo.....



Mara Rubia Martins





 A professora Mara Rubia Martins foi vice-diretora no ano de 1997 e diretora no ano de 1998. Em 1999 foi reeleita diretora até 2000. Em 2003 foi vice-diretora novamente e em 2004 assumiu a direção mais uma vez. 




Postado por gvmcatavento às 12:09 1 comentários Links para esta postagem

Marcadores: Homenagens

A palavra e o mar - MARTINS, Ronie. FARINA,Cynthia

"Escrever. Já não bastava ler. Não bastava a fruição do texto que o afogava, que o fazia naufragar na textura literária. era preciso aventurar-se, arriscar-se à palavra. Era preciso fazer-se máquina de escrita. E Ahab era a palavra mágica. Ahab.  Força, potência que o impelia e o invadia de tantas e estranhas sensações. Ahab era a condição necessária para seu gesto. Ahab se tornava devir que o aproximaria perigosamente do experimentar literário. mas Ismael era quem o mantinha na borda do precipício textual. Prudência, uma voz insistia."
(MARTINS, Ronie. FARINA, Cynthia. Aprendizagem do naufrágio: Moby Dick, Ahab, Um leitor e o Muro. In__ Educação em Revista, volume 27, nº02. Belo Horizonte. 2011, p.30)

O MITO DA REVOLUÇÃO: A "Militante-em-nós" ( Suely Rolnik - Cartografia Sentimental)

" A primeira coisa que chama a atenção do cartógrafo é a visão épico-dramática que os revolucionários têm da história: dizem obedecer ao programa da linha de destino a que todos os povos serão, um dia, necessariamente submetidos. Essa linha, explicam, é totalmente previsível: basta "conscientizar-se" e "assumí-la". O cartógrafo nota que a linha que imaginam é a do seu partido, linha que, segundo eles, os levaria fatalmente, de modo revisionista ou radical (ou seja, com ou sem escalas), à terra prometida da sociedade evolucionária. Por isso é que a defendem com unhas e dentes. por isso, ele compreende, é que o discurso e as atitudes de alguns beiram o fanatismo." (ROLNIK, Suely. Cartografia Sentimental.p.128)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A Mentira



Máscara neolítica - 7.000 a.C.


A mentira é tão antiga quanto o desejo de alcançar e manter o poder. Os dois se retroalimentam em motoperpétuo. A sociedade se compraz na falácia, na fofoca, no ti-ti-ti. A máscara e o personagem seduzem os incautos. De fato, a realidade é cruel para muitos e fugir dela é uma necessidade. Na alienação, o hedonismo grita por pão e circo.

Dia destes sentei em frente ao iluminado retângulo alienante e busquei pela verdade nos conteúdos da TV aberta. Encontrei vestígios num telejornal de prestígio ancorado por um publicitário que fazia caras e bocas para chamar as reportagens. Nada de novo. A realidade numa versão leviana, superficial, adornada pela estética visual cinematográfica. Noutro canal, (de esgoto noticioso) o apresentador vociferava contra os direitos humanos e pregava a pena de morte com o dedo em riste. Parecia candidato político.

Zap! Noutro canal, algo não me cheirou bem. Um repórter se ufanava por ter conseguido uma matéria exclusiva sobre um fato “sensacional”! O banal flagrante de um tiroteio entre policiais e traficantes. Imediatamente recordei de um costume terrível das chefias de reportagem, que na falta de assunto, ligavam para algum batalhão da PM e arranjavam uma operação às pressas, na favela mais próxima. Sempre odiei esta farsa e nunca aceitei este circo, o que me valeu fama de “derrubador de pautas”.

Adulteração dos fatos? Pior! Fabricação de notícias! Tiroteios são fáceis de serem simulados e os policiais nem precisam prestar conta das munições utilizadas no suposto bang-bang. O som das rajadas de fuzil pode facilmente ser adicionado à narrativa na hora da edição ou até mesmo durante a gravação da reportagem. Basta um smartphone com internet. No Youtube existem milhares de vídeos demonstrativos de fuzis. É só encontrar um, colar o autofalante do telefone no microfone e ”dar play”. Touf ,touf, touf, touf, touf... “Tiros... Tiros... tiros... Abaixa aí... É fuzil... HK 47... Kalashnikov... russo... o mesmo do filme Senhor das Armas!”, grita o ofegante repórter novato e muito bem intencionado na carreira de mentiras. Para os desavisados, iria parecer bem real! Que jornalista não conhece algum colega capaz deste simulacro para garantir um “furo” e turbinar telejornais trash news, onde o conteúdo é escravo da pesquisa instantânea de audiência coletada através de amostragens pífias, secretas e nunca fiscalizadas.

A cada troca de canal, novas sentenças falsas, afirmativas levianas, ilusões. O intervalo comercial é um show de propagandas enganosas. O que seria do marketing sem o “caô”. A presepada. Alguém acredita em desodorante que proteja 24 horas? Falar de graça ao celular? Instituições bancárias que garantem o futuro? Lorotas sem fim! E tem gente que acredita. A ingenuidade é terra fértil pra mentira.

Zapeei novamente e fui parar num programa de auditório. O cantor se esforçava pra impressionar o público num evidente playback. A encenação do instrumentista no palco para dublar o som gravado em estúdio beirava o ridículo. Todos os artistas simulavam performances. E este recurso ainda é amplamente utilizado.
As novelinhas então... Não vale a pena ver de novo os mesmos estereótipos de sempre. A megera, o bufão, o pilantra, o homoafetivo, a prostituta, o mocinho narcisista...

Tanta gente adora mentira. Tanto, que acredita nela. Falsários que até ensinam aos filhos que mentir é preciso. Um dia destes, um estudante de jornalismo me disse que não via vantagem em ser honesto e falar a verdade. Minha primeira reação foi parabenizá-lo pela revelação contraditória. Ele acabara de assumir uma verdade escondida ou negada pela maioria. Convidei o “corajoso” e o restante da turma para a seguinte reflexão: Quando você adoece, gostaria de ser atendido por um falso médico? Quando o carro estraga, você pede ajuda para um mecânico fajuto? Quando você vai ao restaurante, suportaria saber que aquele arroz de brócolis é reaproveitamento de comida dos dias anteriores? Imagine morar num edifício projetado com cálculos mentirosos, custos superfaturados, material de má qualidade. A tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria, os desabamentos dos edifícios Palace II e Liberdade no Rio de Janeiro; ou o recente prédio do Magazine Torra-Torra, em São Paulo. Imperícia, imprudência, negligência. Seja qual for a causa principal, a mentira estará sempre por trás. Quantos fatos tristes se repetem por causa da falsidade?
As leis que regem a natureza tem a verdade como essência e a ela devemos voltar.


 "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"- João 8:32

Marcelo coelho é jornalista e músico. Nasceu em Santa Maria mas cresceu e pegou gosto pelas artes e a comunicação em Pedro Osório. Há 20 anos vive no Rio de Janeiro onde possui uma produtora de conteúdos audiovisuais que presta serviços para vários meios de comunicação.


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Por uma pedagogia rizomática em Gilles Deleuze

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Escrito por Jackislandy   
Sex, 09 de Novembro de 2012 14:09

Parece-nos clara a tendência de Deleuze em afirmar a vida como princípio de novidade e da diferença, ou seja, como novidade, como devir, vir a ser heraclitiano, movimento e, acima de tudo, “diferença vital”.
Sendo assim, é uma recorrente na pedagogia rizomática o apoderamento dinâmico e potente, sobretudo atual, das filosofias de Nietzsche e Deleuze. É uma constante no interior do texto em questão o ir e vir, como a imagem da maré ou a de um rio do pensamento vital de Nietzsche.
A pedagogia rizomática, neste sentido, trabalha sempre com o novo. Eis, pois, toda a sua dinâmica: o que é(a memória) dá lugar ao que não é ainda(o novo, que implica o esquecimento). O novo é o devir, é o por vir. Nem genealogia, nem raízes: rizoma, abertura para a imanência, num eterno retorno em que o que retorna são os blocos de diferença em forma de devires. É o próprio real que aparece como produção do novo, o que supõe uma passagem do agente – itinerante, por definição – por uma experiência singular. O novo, cuja força maior é seu caráter primitivo ou imediato da novidade, ora posto pela experiência, ora pelo ser, não significa que ele se apresente espontaneamente nem que seja reconhecido imediatamente como tal pelo pensamento, mesmo porque o pensamento, muitas vezes dependente da opinião, é impotente para acolher o novo”(Lins, 2005, p. 11).
Segundo Deleuze, o novo começa quando rompe com a opinião e reivindica a criação de valores novos através da análise da imagem do pensamento, que é eminentemente filosófico.
Um outro aspecto interessante que gostaríamos de separar no universo textual de Daniel Lins, embora seja consequência de uma pedagogia rizomática e da escola mangue até aqui apresentados, tão somente advindo das ramificações que não se prendem em nenhum território porque desterritorializa, desprende-se o tempo todo, move-se em sentido pivotante, no dizer de Deleuze(Deleuze & Guattari, 2000, p. 15), a exemplo de uma batata desenraizada ou de um mangue que flutua na água, é de tal modo, a pedagogia dos platôs. “Um platô está sempre no meio, nem início nem fim. Um rizoma é feito de platôs(...). Chamamos platô toda multiplicidade conectável com outras hastes subterrâneas superficiais de maneira que formem e estendam um rizoma”(Deleuze & Guattari, 2000, p. 33).
Possivelmente, em decorrência da bela imagem do manguezal, bem como da fundamentação rizomática deleuziana, desencadeando-se no texto uma pedagogia rizomática e uma pedagogia dos platôs, observa-se uma interação destes conceitos com a pedagogia das escolas atuais no que tange a aprendizagem, o aluno, o ensinar e a instituição como um todo. Como elaborar, afinal, ou produzir um Programa/Projeto que se aproprie das ideias desencadeadas a partir da noção de devir, rizoma, embutidos nos conceitos filosóficos de Gilles Deleuze?
É porque a Escola coabita com diferenças e singularidades que alguns podem adaptar-se à moral do rebanho; outros devem ter o direito de se rebelar contra um modelo pedagógico pleno de boas intenções, mas estrangeiro às multiplicidades. O programa – oposto do rizoma – impõe a todos a obediência às setas e indicações. O projeto, diferentemente do programa, experimenta, desconfia das verdades pedagógicas ‘verdadeiras’. Embora o programa tenha sua importância em todo projeto educativo, ele é apenas um instrumento cooptado pelo provisório, molar, identitário”(Lins, 2005, p. 17).
Com a noção inovadora de Programa/Projeto proposto por Daniel Lins, em virtude do que já dissemos até então, defende-se dois novos horizontes para a pedagogia, que são: a pedagogia molar e a pedagogia molecular.
Molar é aqui compreendido não como separação ou oposição. De fato, se é verdade que o molar delimita os nós, os laços, a arborescência, o molecular une-os numa desunião criativa instauradora, inclusive, de possíveis alianças. Atravessado(molar) e atravessador(molecular) celebram núpcias com intensidades singulares e diferenciadas, num movimento permanente de contaminação, dissidência e resistência, sob o signo de linhas de fuga e agenciamentos maquínicos, que conduzem um futuro sem devir e estruturas arborescentes para devires múltiplos, multiplicadores”(Lins, 2005, p. 03).
Isto posto, o que se vislumbra numa pedagogia molecular é o fato de, perfeitamente, ser rizomática. Trata-se de uma pedagogia da desconstrução e da diferença, como também da singularidade. Uma pedagogia que não trabalha com formas, mas com encontros nômades, desejos, encruzilhadas e bifurcações.
In: LINS, Daniel. Dossiê: “Entre Deleuze e a Educação”In Educ. Soc. Vol. 26. nº 93. Campinas. Sept./Dec. 2005.
Prof.: Jackislandy Meira de Medeiros Silva




quinta-feira, 5 de setembro de 2013

NEM TANTO AO CÉU, NEM TANTO AO MAR


SINTO QUE ESTOU AFUNDANDO
AFUNDANDO O CHÃO POR ONDE PISO
SOVANDO MEU CHÃO, MEU CAMINHO
SEMPRE O MESMO, CAMINHO SEMPRE IGUAL
A MESMA ROTA, OS MESMOS ROSTOS, MAS HISTÓRIAS DIFERENTES
CUMPRIMENTO COM SONO QUEM CONHEÇO
VIDAS QUE CRUZAM RAPIDAMENTE ENTRE SI
CADA UMA AFUNDANDO SEU PRÓPRIO CHÃO
CHÃO QUE PISOTEAM COM FORÇA E DETERMINAÇÃO
MUITOS VÃO FELIZES, OUTROS NEM TANTO
É SABIDO QUE AS PESSOAS QUANDO MOVIMENTAM-SE, GERAM ENERGIA
E ESSA ENERGIA QUE EMANA DAS PESSOAS
DESGASTA, VIRA CANSAÇO, VIRA SUOR
SUOR SENTIDO PELO OLFATO NA PRÉ-HISTÓRIA
POIS SOMOS ANIMAIS, SÓ QUE DO TIPO RACIONAL ENTENDE?
CONSTRUÍMOS UM MUNDO ULTRA MODERNO
E POR VEZES VOLTAMOS À PRÉ-HISTÓRIA
RIQUEZA E MISÉRIA ANDANDO LADO A LADO
NÃO EVOLUÍMOS O SUFICIENTE TALVEZ...
SOMOS ESTÚPIDOS, IGNORANTES, BRIGAMOS E XINGAMOS
DESEJAMOS O MAL, COMETEMOS ERROS TOSCOS E IMPERDOÁVEIS
AGREDIMOS, CUSPIMOS, TRAMAMOS, TRAÍMOS, ENGANAMOS
SOMOS TODOS TÃO IGUAIS EM NOSSAS TANTAS DIFERENÇAS
TEMAS POLÊMICOS, POR EXEMPLO, UNS SÃO CONTRA, UNS A FAVOR
TIPO PENA DE MORTE, ABORTO, O HOMOSSEXUALISMO, AS DROGAS
MAS A MAIORIA NÃO É NEM CONTRA NEM A FAVOR. FICA CALADA
NEGA-SE A EMITIR OPINIÃO. A TOMAR PARTIDO.ESCOLHER UM LADO.
IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS? CORRUPÇÃO=CRIME HEDIONDO
CLONAGEM?  COBAIAS. PESQUISA ESPACIAL, EUTANÁSIA, ETCETERA E TAL
ESSECHÃO QUE PISAMOS PODE SER TÃO ESCORREGADIO ÀS VEZES.
PISAMOS EM UM CHÃO NADA CONFIÁVEL, PRECONCEITUOSO PRACA
E NOSSAS ENEGIAS ENCONTRAM-SE COM UMAS E DIVERGEM DAS OUTRAS
MAS AS DIFERENÇAS DEVEM SER RESPEITADAS E TAMBÉM DISCUTIDAS
QUEM É CONTRA SEMPRE SERÁ DEFENDIDO POR QUEM É A FAVOR
SOMOS ALMAS PELADAS; ALMAS DEPENADAS; DESPENADAS QUE SÓ
ALMAS QUE VOAM COM VENTO NEM SEMPRE À FAVOR
PESSOAS QUE VOAM E CRUZAM EM DIVERSAS DIREÇÕES E SENTIDOS
UMAS SEM DIREÇÃO, OUTRAS, BEM PIOR: SEM SENTIDO. ALGUM.
PORÉM, ALGUMAS ESTÃO JUNTAS, UNIDAS EM UM MESMO IDEAL
SENTEM QUE NÃO ESTÃO AFUNDANDO SEU CAMINHO À TOA
CONFIAM E TEM OBJETIVOS FIXADOS; DÃO PROPÓSITO À SUAS CAMINHADAS
EM MEIO AO TER; O OSTENTAR; O POSTAR; O TER; POSSUIR;BAJULAR...
EM MEIO AO PODER; HUMILHAR; INVEJAR; EXIBIR; PAGAR; COMPRAR...
TUDO TÃO FÚTIL, SEM IMPORTÂNCIA, MESQUINHO, PEQUENO...
PENA QUE TEM QUEM SEJA A FAVOR DISSO TUDO TAMBÉM. SEMPRE TEM.
SEJAMOS DIFERENTES, NEM MELHOR, NEM PIOR. MAS “BEEEM” DIFERENTES
SEJAMOS A FAVOR DE ACEITAR NOSSAS DIFERENÇAS, SEJAM QUAIS SEJAM
SEJAMOS AQUELES QUE RESPEITAM OS LIMITES DOS OUTROS
SEJAMOS AQUELES QUE DEIXAM OS OUTROS VIVEREM A VIDA DELES
DA MANEIRA QUE ELES ENTENDEREM QUE SEJA O MELHOR A FAZER
SEJAMOS SINCEROS, VERDADEIROS, LEAIS, CORAJOSOS, FELIZES...
SIM, SEJAMOS FELIZES ASSIM
SEJAMOS ON
SEJAMOS IN
IN
FELIZES ASSIM
PEQUENAS GRANDES ALMAS À FAVOR DO VENTO
MAS AMASSANDO O CHÃO PRA ONDE VAMOS
POIS LITERALMENTE.  IREMOS TODOS AO CHÃO
PORTANTO, VOE ENQUANTO HÁ TEMPO
VOE SE PUDER, MAS AO MESMO TEMPO
NÃO SE PERCA DO CHÃO
POIS DE UMA MANEIRA OU OUTRA
NOSSOS CAMINHOS SE CRUZARÃO
SEJA AMASSANDO BARRO
SEJA NO AZUL DO CÉU
ASSIM SEJA!

OU NÃO...


Por Alvaro Lucas

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Lestics - Gênio

War/No More Trouble | Playing for Change | Song Around The World

Amistad - Foucault


"La lectura está intimamente ligada a la escritura. La lectura se fortalece, se reactiva por la escritura. Hay que alternar la lectura y la escritura. No hay que leer siempre ni escribir siempre, decía Sêneca. Hay que moderar la lectura por medio de la escritura y reciprocamente, de modo tal que la composición escrita de cuerpo a lo que la lectura a recogido.

Las notas que hay que tomar sobre la lectura en griego se llaman hypomnemata. Ellas sirven par uno mismo, pero tambíén puedem servir para los otros. Por una parte se trata de dar consejos al otro, pero al mismo tiempo este ejercicio permite a la propria persona que aconseja recordadr las verdades que trasmite al otro pero que ella misma necessita para su propria vida."

(A propósito de la escritura)

PIPAS BRANCAS NÃO VOAM MAIS






O fim do inverno traz novos ares de alegria. Recordações de divertidas primaveras no meu tempo de guri. Nos anos setenta, as compras não vinham em saquinhos plásticos ecologicamente incorretos como hoje, mas em embrulhos de papel amarrados com linhas grossas de algodão. Aquela embalagem servia para carregar roupas, remédios, alimentos. Desfeitos os embrulhos, o cordão e o papel não iam imediatamente para o lixo. Na prática e de forma inconsciente, os moleques da época já experimentavam a sustentabilidade.

Os cordões e papéis eram reaproveitados no brinquedo favorito: A pipa. No Rio Grande do Sul chama-se “pandorga”. Não comprávamos os brinquedos prontos. Fabricávamos em casa. Dos embrulhos desfeitos, eu pegava os papéis encerados de pão, mais resistentes do que o papel jornal. A estrutura da pandorga era de varetas finas de taquara (bambú), amarradas com os cordões dos embrulhos. O papel era colado nas varetas com grude, cola artesanal feita com farinha de trigo. A água misturada ao glúten formava o gel viscoso que bem substituía a cola Tenaz.

A pandorga também tinha um rabo, feito de retalhos de pano. Era o peso dele que mantinha o brinquedo estabilizado no céu. Paradinho. O papagaio só decolava em dias de vento forte, o que era comum no clima temperado do sul. Uma brisa, não servia.  

Uma vez no céu, a pandorga despertava euforias. Para os mais racionais, o sucesso de um projeto bem elaborado e executado... O requinte tecnológico era o “roncador”. Um pedaço de papel solto de um lado e preso a uma linha do outro, que tremulava e emitia um ruído forte cada vez que se puxava a pandorga com força. “vruuummmm... vruuummmm”. Parecia um pequeno motor!  

Para os mais emotivos, a posição privilegiada da pandorga estabilizada no ar despertava variadas divagações. A possibilidade de voar...  A curiosidade em ver a paisagem do alto...  A própria estrela sob domínio da mão... A imaginação querendo arrebentar a linha e seguir para além do horizonte...

O que menos passava em nossas cabeças infantis era guerrear! Uma pipa derrubar a outra? Isso não era brincadeira de bom gosto nem inocente. As pipas brancas (todo o pão vinha em papel branco),lado a lado. Cada uma com seu sonho respeitoso! E a paz era garantida pela linha de algodão. Puro. Sem misturas. Os cordões dos embrulhos eram emendados uns aos outros. Só quem possuía melhores condições financeiras podia comprar um rolo inteiro, com 100 metros de linha nova.

A gurizada do meu tempo não achava graça em destruir o brinquedo do outro em guerras de pipas com linhas cortantes. Isso não existia no meu grupo de amigos e não lembro de ter visto tal brincadeira perigosa durante minha infância no Rio Grande do Sul. Era um tempo de pais presentes, sempre alertas às nossas possíveis inconsequências.

Logo que me mudei para o Rio de Janeiro, há vinte anos, percebi que as pipas daqui eram diferentes no jeito e no conceito. No clima subtropical venta menos.  As estruturas são bem menores, mais leves, coloridas e inquietas. Mas o que mais assusta é o uso frequente da mortal linha cortante. Nas áreas mais pobres da cidade, me assombrou ver o céu infestado de pipas conduzidas não só por crianças mas por adolescentes e até adultos viciados em infância... E algo mais!


Hoje. sempre que um ciclista, motociclista ou “homem asa” vira notícia após ser degolado por uma linha assassina, aumenta minha certeza de que as pipas não são mais pacíficas. O tempo de ingenuidade voou para longe, emaranhado no rabo de pipas perdidas em dia de vendaval. Foram pervertidas pela violência. Viraram armas no meio dos "pipas voadas". Uma “peça” perigosa que dispara navalhas perdidas. 

Marcelo coelho é jornalista e músico. Nasceu em Santa Maria mas cresceu e pegou gosto pelas artes e a comunicação em Pedro Osório. Há 20 anos vive no Rio de Janeiro onde possui uma produtora de conteúdos audiovisuais que presta serviços para vários meios de comunicação.



O VERBO SUPRIMIDO





Foi em um dia normal. Qualquer dia de normalidade próxima ao abismo. Mas normal. Todo o dia é dia. E ponto. E acabou. O dia. No ponto. Exato ponto onde já não é mais dia... então ele parou. Opção pensada. Doença cruel e irremediável. Loucura advinda de genes moralmente abalados de um passado obscuro.
Obscuro era o motivo, a razão da ausência do verbo na boca de Ermiliano Girondino.
O silêncio, tal como demônio que possui corpo abandonado de alma, dominara todos os ecos e vibrações sonoras do corpo de Ermiliano. A língua estava morta. Já não havia sibilações, vibrações... como o demo, o som havia sido excomungado para infernos outros. As cordas já não vibravam nem tiniam.

E assim Ermiliano, vulgo seu Liano, continuava sua vida, agora balizada por um silêncio que era seu, mas que por onde passasse mais silêncio assim somava o dele e o do outro e o daquele que ao não ouvir a voz alheia, cansado de a sua ouvir calava o som exterior e falava no cérebro, pra dentro da cabeça e a voz dormia na língua que já não batia.

Na rua, cumprimentava o povo com os olhos grandes e castanhos, e a intensidade e nuances determinava o humor de seu corpo e espírito.

A mulher, ainda longe da velhice, mas já bem distante da mocidade, nos primeiros tempos chorava e implorava para que ele falasse. Ele sorria. Mexia a cabeça afirmativamente ou negativamente. Afagava carinhosamente o rosto da esposa e dormia sorrindo.

No seu silêncio ela foi. Com a filha e o filho. Taxia na porta. Malas e maletas. Desilusão e lágrima. Ainda na cama Ermiliano dormia. E no seu sono ela ia embora. A família emudecera. Já não havia mais.

Então resolveu que o escritório não era adequado para o seu silêncio. Deitou na cama e fez a grande recusa. Desligou o rádio. A televisão.

Um dia, percebido na ausência que permitira a sua percepção, recebeu a visita de um colega de trabalho.
O outro falou. Falou. Argumentou de todas as formas e maneiras que pôde. Nada conseguiu. No telefone chamou outro amigo, e outro. Em seguida uma emissora de TV local estava no local. Todos falavam. Todos perguntavam. O verbo se enroscava entre as línguas ferinas, libidinosas. O verbo lambia o silêncio de forma imoral. O verbo possuía. Estuprava, violentava. Poluía. Ar, rio, matas e cérebros. O verbo se inscrevia nas árvores e as apodrecia, infiltrava-se nas intenções e tudo deturpava ao seu interesse.

Preso e de olhos esbugalhados diante daquele circo de horrores, Ermiliano pensava em chorar. Pensava em morte, suicídio. Seus olhos tentavam através de códigos vários, nuances infindáveis se comunicar com os outros. Mas ninguém ouvia os olhos de Ermiliano, ouviam só o que diziam. Comiam suas próprias palavras. Alimentavam-se da própria carne.

Fotos. Muitas fotos retratavam Ermiliano. A imagem. A imagem e o verbo infernal. Ambos em prol da representação de Ermiliano Girondino.

Já não era ele. Seu Liano que estava ali. Mas sua representação. Resumido em pequenos textos, consumido em artigos pessimamente elaborados. Retorcido através de uma ótica doentia e perversa. Difamado em letras simplórias que construíam um Ermiliano bufão e engraçado. Um bobo? O verbo recortava o perfil. Definia o psicológico. A imagem, correndo atrás, focava o olho excludente de sua visão parcial nos objetos que poderiam significar algo além do que significavam.

A mulher foi encontrada para dar entrevista, ficara famosa. “A mulher do homem sem voz. A mulher do homem mudo. A mulher do sem voz. A mulher do silêncio.” E agora já não chorava. Falava. Possuída pelo verbo. Proferia frente às câmaras fotográficas e aos gravadores sua triste história junta ao marido.

Rejuvenescera. Comprara roupas novas. De alma vendida. Como prêmio recebera as benesses da mídia. Dinheiro casa e alguns contratos.

Sem o mérito da defesa e ausente de voz verbal, Seu Liano foi colocado em um manicômio. Louco.

No primeiro dia tímido, mas já no segundo começou a grande revolução. Coisa nunca antes vista. Falava com os olhos. E os outros entendiam. E tudo começou a silenciar. Vasto e grandioso. Denso e poderoso. O silêncio começou a tomar conta de todos e de tudo. E o verbo começou a ser esquecido. A palavra abolida.

O manicômio era como um grande “buraco negro” na rua, espaço da anti-matéria, e logo em seguida toda a rua começou a emudecer. As pessoas já não queriam falar. Já não havia interesse. O verbo doía, soava estranho em bocas que se contorciam e gargantas que se espremiam em guturais sentidos.

Passado alguns anos um grande silêncio tomara conta de tudo, e o discurso agora era do silêncio. Os gestos eram mais bem entendidos, as expressões faciais estudadas e interpretadas, tratados sobre as nuances e significados do brilho dos olhos eram escritos.
As proximidades eram mais pretendidas que as distâncias. Então os manicômios perderam sua importância e Ermiliano voltou para casa.

Foi em um dia normal. Qualquer dia de normalidade próxima ao abismo. Mas normal. Todo o dia é dia. E ponto. E acabou. O dia. No ponto. Exato ponto onde já não é mais dia... então ele parou. Opção pensada. Doença cruel e irremediável. Loucura advinda de genes moralmente abalados de um passado obscuro. Obscuro era o motivo, a razão da presença do verbo na boca de Ermiliano Girondino.

Então falou.




segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mockba ou Branded ou Marcas - muito interessante!!!

Mосква 2017 (Branded) – Trailer

Assista ao trailer do filme Russo Mосква 2017, “Marcas”(Branded) ou The Mad Cow como consta no IMDB, o filme foi escrito e dirigido por Jamie Bradshaw e Aleksandr Dulerayn:
[youtube id="HInOg12jMiY" width="620" height="425"]
O filme é uma jornada sombria e alucinante dentro de uma sociedade distópica onde as “marcas” corporativas desencadearam uma monstruosa conspiração global dentro de nossas mentes com objetivo de manter a população desiludida, dependente e passiva. Um homem Misha (Ed Stoppard) tenta desvendar a verdade por trás da conspiração vai levar a uma épica batalha com as forças ocultas que realmente governam o nosso mundo. “O filme é estrelado por Ed Stoppard, Leelee Sobieski, Jeffrey Tambor, e Max von Sydow.

domingo, 1 de setembro de 2013

Professor profeta e professor militante - Silvio Gallo

"... proponho que pensemos o que seria o professor profeta e o que seria o professor militante. no âmbito da modernidade, parece-me que podemos dizer que o professor crítico, o professor consciente das suas relações sociais, de seu papel político, agiria como um professor-profeta. Como alguém que, vislumbrando a possibilidade de um novo mundo, fazia a crítica do presente e procurava apresentar, então, a partir da crítica do presente, a possibilidade de um mundo novo. O professor-profesta é alguém que anuncia as possibilidades, alguém que mostra um mundo novo.
por outro lado, podemos pensar no professor militante. Qual o sentido hoje desse professor militante, o que seria ele? Penso que seria não necessariamente aquele que anuncia a possibilidade do novo, mas sim aquele que procura viver as situações e dentro dessas situações vividas produzir a possibilidade do novo. Nesse sentido, o professor seria aquele que procura viver a miséria do mundo, e procura viver a miséria dos seus alunos, seja ela qual miséria for, porque necessariamente miséria não é apenas uma miséria econômica; temos miséria social, temos miséria cultural, temos miséria ética, miséria de valores. Mesmo em situações em que os alunos não são nem um pouco miseráveis do ponto d vista econômico, certamente eles experimentam uma série de misérias outras. O professor militante seria aquele que, vivendo com os alunos o nível de miséria que esses alunos vivem, poderia, de dentro desse nível de miséria, de dentro dessas possibilidades, buscar construir coletivamente."
GALLO, Silvio. Deleuze e a Educação. 2º edição. Belo Horizonte. Autêntica. 2008. p.60,61