Rio Piratini
Na
margem esquerda deste rio, existe uma praia de areias brancas,
No
horizonte avermelhado, enxergo nuvens cinzentas.
Os
pássaros são motivos de sonhos, pois seu voo é solitário e liberto.
Acontece
comigo um raro acontecimento,
O
encontro deste simples humano, com o maravilhoso verde do mato.
A
natureza é festa, porque finalmente encontrei tempo para este encontro.
Na
realidade uma volta a mim mesmo.
Analiso
este rio, incorporo-me na paisagem, sinto-me totalmente realizado,
Pois
o meu convívio com a natureza é em fraternidade.
Encanta-me
esse paraíso. No meio de uma cidade sobrevive um rio, o qual é usado com integridade.
O desassossego
das águas
Um
brinde ao remanso calmo das águas deste rio, às vezes amigo, outros cruéis e
sem pena.
Quem
te vê nessa calmaria, nunca poderá imaginar que às vezes te levanta com
selvageria, para aplacar a tua ira.
Procuras
vingança pelo mal que te fizeram, mas é pena que em tua loucura atinjas a todos
sem querer.
Esta
é a lei do mundo, os inocentes pagarem pelos criminosos
Que
exploram tuas margens com desatino, derrubando matas, desestruturando o solo.
Abrindo
espaços brancos para expansão de tuas águas, invadindo de novo, os campos,
cidades e vilas.
Devaneios
Do
rugido do cão, das fezes do cidadão,
Do
descaso da cidade com a natureza em tenra idade.
Nasceu
a poluição, o caos, o fim e a imensidão do negrume, do cheiro de enxofre dos
gritos do sofrer, do gemer.
O
mundo definhou, o verde acabou e enxergamos
somente a cinza das fábricas dos
capitalistas.
Meu
mundo era aceitável, passou a ser explorado, maltratado desmantelado.
O
fim é irônico, início de uma nova era, se vai o selvagem, primitivo, e na
cidade o bundão vigora.
O
homem destrói a vida da mesma maneira que se destrói,
Bebendo,
consumindo drogas, acaba se destruindo pelo consumismo total.
Um pileque de
vida
Estou passado no tempo, não vivo vegeto.
Encontro-me cansado da noite, do trago,
as festas perderam seu sabor, pode até ser minha idade ou meu cansaço mental,
Mas o que acontece na realidade é que eu
perdi o meu astral.
Sinceramente invejo aqueles que mesmo
velhos e resignados passam por jovens livres de qualquer compromisso.
Somente querem saber de festa, trago
escárnio e rebuliço.
Vendem sua alma pela promessa de não
perderem um gole da taça da vida.
E com isso sonham acordados que puderam
passar a perna no tempo.
Se parassem um pouco para pensar veriam
em meus olhos o vazio que habita em seu interior agora.
Já não sabem mais parar, dar um tempo
para encontrar seus pensamentos, apenas vigora a lei dos alcoólatras, porque
beberam o vinho da vida se viciaram e não conseguem mais serem apenas humanos e
realistas e aprenderem que a vida quando ingerida de uma só vez é intragável de
mais.