Dormir. A necessidade que se impõe. Mas
o corpo nega. Nega o dormir. O corpo é escravo. Condicionado. O descanso já não
é. Vital é o trabalho. O suor. A loucura do trabalho. O descanso é concessão
negada ao corpo marcado por um época. Ao corpo se concede só o trabalho. O
prazer imenso de lavorar. Lavoura da vida. Colher e plantar... e vender tudo e fazer uma grana.
Produzir. Eis a questão. A vida se
resume ao produzir e consumir. Até a vida. Feita, artificial. Produzimos esta
vida, este jeito de estar na vida. Nossa
voz solidifica um discurso que habilita esse formato, esse jeito de viver.
Criamos também a necessidade, produzimos o desejo. E vendemos as coisas e as
relações que essas coisas produzem. A grande indústria. E não são eles, somos
nós. Cidadão-consumidor que somos. Olhos brilhantes de querer gastar e ter.
comprar as coisas e os modos de vida que elas produzem.
Acreditamos nisso. Mesmo. Viver é
produzir e consumir. E eu tenho sono. Imenso sono que enfia seus braços pelos
meus olhos vermelhos que não fecham... nem abrem. Entre-meio.
Meu corpo está amalgamado na pele que
visto. Que habito. Artificial. Guarda-roupa cheio de peles, de outros peles.
Outros Eus?
A cama é parada temporária.
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Ronie Von Rosa Martins - Professor de Língua Portuguesa
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Ronie Von Rosa Martins - Professor de Língua Portuguesa
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