Além das Nuvens
ou
Entre Nuvens e Cavernas
Onde? Do lado de fora da caverna! Logo
que saí não me contive. Fui desbravar. O que eram aqueles rabiscos e relevos na
rocha? Como foram feitos? Quando? Por que e por quem? Demoraram muitas eras mas
conseguimos identificar os caracteres. Uma vontade em compartilhar razões e
emoções. E nasceu a linguagem escrita. E Fiat Lux! As ideias brotaram diante
dos sentidos. Organizaram-se em mensagem, partiram em caravanas para ligar
emissores a receptores. Nem sempre encontraram nexo, sentido, lógica,
coerência, sensatez. Mas houve que extraísse a essência, convertesse um novo
pensamento, palavra ou ação; para armazenar ou transformar. Quanto movimento
evolutivo a leitura oferta na longa jornada do conhecimento!
Mas e a criação individual? Quem de fato
detém o saber? O reconhecimento pertence àquele que primeiro registrar a ideia,
claro. O que seria da máquina capitalista sem royalties, patentes, direitos
autorais? Surge numa inspiração pessoal aleatória ou é uma permissão de acesso
aos arquivos acásicos para poucos credenciados? Toda a sabedoria está encerrada
no plano das ideias, dizia Platão. Cada escritor, com seu esforço e merecimento
alcança algum pedaço ínfimo desse imenso tesouro intangível e tão sublinhado de
verdade. E não basta sair da caverna... É necessário coragem para enfurnar-se
noutras!
Quantas vezes pensamos em algo
interessante. Um verso... Uma melodia... Um conceito... Uma solução... Uma
ideia “nova”, que por algum motivo deixamos para lá e não a materializamos ou
convertemos em ação. O tempo passa e de alguma forma chega ao nosso
conhecimento que alguém teve a mesma ideia, colocou em prática e alcançou o
êxito com ela. Você já passou por esta sensação de que alguém teve a mesma sua
ideia não foi compartilhada com ninguém? Quando acontece, logo surge a pergunta
culposa: “Por que não coloquei essa ideia em prática antes?” Ser ou não ser? O
único... O primeiro... O original autor... Especulo que isso acontece porque as
ideias flutuam sobre nossas cabeças feito nuvens. Repousam não num minúsculo
pedaço de silício, disco, fita, vinil, acetato... Rocha arcaica! Estariam num a
inovadora substância não comprovada cientificamente mas apontada por muitas
filosofias tão antigas quanto avançadas.
Uma espécie de éter prânico ionizado que nos reveste em camadas como se
fôssemos Matrioshkas. Uma invenção do Grande Arquiteto do Universo onde todos
os pensamentos ficam gravados com qualidade pra lá de sete dimensões! Espero um
dia entender como tal mecanismo físico ocorre. A ciência tecnológica já engatinha
na direção certa. A prova é a “nuvem”: Nova forma de armazenamento de dados
digitais em rede, desenvolvida por um renomado fabricante de computadores que
batizou o novo serviço de iCloud. Aliás... Nome copiado de um produto
concorrente. Até tu, Brutus S. Jobs! Lavoisier esteja convosco!
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