Há uma música que é só minha. Cérebro –
fora o silêncio da rua. O silêncio singular do caos. E um vento. Sopra razoável,
rosto, cabelo, terra. Movimento. A carne e o metal disputam os fluxos. Da rua. Ir
e vir e estar. Cadáveres de metal esperam a carne, zumbis mecânicos. Devorar a
carne humana e seus desejos de mobilidade. Necessidade.
As cores alternam passos e rodas, tudo
borracha no asfalto. Largos os passos. Rápidos os espaços de não ficar.
Um aceno. O rosto conhecido me arranca
do texto e do asfalto. E passa. Sua vida, tempo e espaço. Eu fico. Finco meu
corpo nesta esquina. Imóvel corpo. Estranho aos que escorrem nesse fluxo. Olhos
buscam o meu texto. Mas sou eu. O texto. Os pés e os carros minhas palavras. E tudo
é símbolo. E som e ritmo.
Por cima a conexão. A aranha tece sua
trama. Fios, linhas de relacionamento. E o vento agora. Não há sol. Nublado. E os
corpos não param de deslizar na minha imobilidade. E mesmo sozinhas eles se conectam.
Músicas escolhidas embalam passos e pernas; o “outro” no ouvido. O fantasma do
outro sempre ao lado. Esquizofrenia.
Os óculos escondem os olhos. Só a lente.
Esteticamente as lentes. “E eu... gostava tanto de você...”.
Caso certo, interessante. Escrever na
rua não é algo comum. Deveria. Sim. Comum é o carro. O zumbi mecânico. E o cão.
Rebelde e sujo. Vários. Contrastam com fluxo mecânico. Língua de fora. A língua
deve estar fora. Fugir da grande boca gramatical.
Nos corpos as roupas todas, e penduradas
nele às bolsas, sacos e sacolas de carregar “coisas” para o corpo. A bagagem do
corpo. A maquiagem do corpo. A identidade do corpo. A comida do corpo. A diversão
para o corpo. Também há os espaços de guardar e depositar. O corpo e seus
desejos. E há as possessões de um corpo pelo outro. A mão segura o outro, afeto
e posse. Segurança e controle. Há um contrato. A relação constituída. A experiência
dos corpos. Correr e caminhar... é mais que meio-dia e lá vai... o meu corpo no
fluxo de todos os outros corpos...
Ronie Von Rosa Martins
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