Escrever?

"Escreve-se sempre para dar a vida, para liberar a vida aí onde ela está aprisionada, para traçar linhas de fuga" (Gilles Deleuze)

sábado, 26 de outubro de 2013

O Otimista

                                                                             (por Marcelo Coelho)

          O paternalismo é tolo ao dar o peixe e não ensinar a pescar.  Alheio a lei natural de ação e reação, o Estado investe na ignorância. Na miséria sustentada. A massa, sem raciocínio e ética, se desgarrou.  A tecnologia ajuda o caos. Facilita, acomoda, gera preguiça, simula, dribla a realidade e faz gols contras estéticos. Tolos se enfurnam no subsolo moral em busca de poder, dinheiro, fama, beleza, luxo, potência sexual.  Freud diria que vivemos uma recaída no trauma do materialismo. O hedonismo tem vencido as batalhas sentimentais.

          A mídia sempre foi pervertida. Agora se espraiou. A internet mostra tudo. Sem limites. Nossas perversões ecoam em surround e imagem 7D. Na TV, novelinhas e seriados ensinam tudo de ruim, em doses homeopáticas, feito uma escola bizarra. Os reality shows revelam o sentimento sórdido que move as relações interesseiras. Mulheres com bundas e peitos de plástico, bicos de pato e cérebros atrofiados feito nozes procuram se revirar do avesso e mostrar toda intimidade contida no útero e nos ovários. Os trogloditas do MMA revivem a era dos sangrentos gladiadores e nos mostram a minúscula evolução humana que obtivemos desde a assombrosa idade média.  Heteros e gays também se degladiam pela maior publicidade sobre escolhas que hibernavam nas cavernas do foro estritamente íntimo.

          O poder de crítica das massas foi subestimado. Os telejornais podres realimentam e amplificam o tosco, o tolo, o pior do ser humano. Programas sensacionalistas vegetam na UTI do conteúdo. Teimam em investir na mórbida curiosidade, no falso heroísmo policialesco, no primitivo erotismo formatado ao gosto das maiorias passionais, ou incautas, ou ignorantes, ou deslumbradas com a realidade nua, crua e na brasa.  Só não é guerra civil, porque um dos lados está desarmado. Mas quem leu um pouco de história universal, sabe que tudo sempre pode piorar. Tudo bem. Sigo no meu otimismo. E se me falarem: “Foda-se”, respondo: “Não dá. Duro não dobra e mole não alcança”.


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