Escrever?

"Escreve-se sempre para dar a vida, para liberar a vida aí onde ela está aprisionada, para traçar linhas de fuga" (Gilles Deleuze)

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Livre Arbítrio?

O  LIVRE  ARBÍTRIO  NÃO  EXISTE ?


Dias desses li em uma reportagem (da revista Galileu, se não me engano) que alegava que o exercício do Livre Arbítrio (que tanto defendo) simplesmente não existiria...                        
Nosso cérebro, que tem o controle total sobre nós, já teria tomado a decisão antes da gente decidir qual ação realizar. Tipo um sexto sentido. Só que não avisa que já decidiu por nós.    
Darei um exemplo para ficar mais claro: O cara pensa se vai a uma reunião ou não.                                Decide não ir; diz a reportagem, que não era necessário esse dilema, pois o cérebro já havia decidido que ele não iria na reunião, que a dúvida não existia de verdade. Tipo: Eu já sabia!      
Se uma guria “fica” ou não com um guri que a galanteava. Nem titubeie. Faça a primeira coisa que seu cérebro lhe disser, pois ele vai fazer com que você aja de acordo com a decisão dele.     
Me parece meio complicado esse assunto, porém, cada dia mais eu creio que seja verdadeiro.   Já sabíamos que não sentimos dor em parte alguma do corpo, é o cérebro que sente e envia a sensação de dor para que a sintamos. O tal sistema nervoso. Esse papo deixa nervoso mesmo.  
Quanto ao sistema: Odeio o sistema! Fiquei então, no mínimo encucado, encafifado, com atos que tomei, não terem sido impensados então, meu cérebro é que estava com sua pressa habitual e nem se deu ao trabalho de me avisar o que eu mesmo faria. Sinto-me menos burro.
Ou seja, vendo pelo lado positivo, eu nunca errei, só não sabia que ia errar... E será que não dá no mesmo? Acho que me confundi. Melhor! Meu cérebro sabia que eu ia me confundir e não me avisou... Sinto-me melhor por saber isso.
Todas as bobagens que cometi, fiz meio que inconscientemente. Ou foi meu subconsciente? Nem sei mais agora. Será que meu cérebro não está me enganando desde sempre e eu nem sou eu mesmo,mas quem meu cérebro quer que eu seja? E meu cérebro? Não sou eu?
Vou tentar então, explicar esse assunto tão louco dando um nome, ou melhor, um apelido para o meu cérebro: Mondongo. É.. mondongo. Podia ser Tuquinha, Txutxuco,  Baby, Geléka ou Quaternário, mas prefiro mondongão mesmo...                                                                                                             Discuto a relação. Eu não queria. Homens não gostam muito. Mas não era eu, era o Dongão...            Bebi, rastejei até em casa. Não fui eu... O Dongão é que sempre me apronta cada uma...      
Taí, gostei de saber que não tomei minhas próprias decisões. Não usei de meu livre arbítrio; Não era eu, não fui eu, aliás, nunca sou eu. Beleza, muito bom pensar que sou infalível.                                            Pena que meu cérebro, o Mondongão, faz parte de mim, então, fui no mínimo, cúmplice.    
Pensando bem, fui eu quem tomou a decisão de ler a tal revista. E se eu não sabia que eu ia ler, também não saberia se ia escrever esse artigo que você está lendo. Então, ainda estou no comando. Sou eu que tomo minhas próprias decisões. Talvez não todas as vezes, vá lá.      
Mas espera aí. Se estou no comando, fui eu mesmo que cometi todos os erros de minha vida? Ou seria meu cérebro que me está fazendo admitir isso? Prefiro pensar que não sou o culpado por quem eu sou. E que eu sou só um saco de carne comandado pelo Mondongo.               
Dessa mistureba toda, surge meu eu verdadeiro. Decisões que tomei ou deixei de tomar.       
Sou quase um mocotó e não sabia disso.
Ou sabia?         


de Alvaro Lucas

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